Hoje partilhamos consigo um testemunho emocionante de um caso real de sucesso de prematuridade.❤
Tudo começou com a feliz notícia que estava grávida! O que desejei tanto estava a acontecer. Depois de ir ao médico soube que as 40 semanas estariam concluídas a 14 de Junho. Às 20 semanas de gravidez, soube que havia probabilidade de nascer um pouco antes porque o colo do útero estava a ceder mais do que era suposto para aquela fase da gravidez. Na altura não tive grande noção da gravidade, deixei de trabalhar, passei a repousar grande parte do tempo achando que era suficiente. Mas afinal não… Às 28 semanas a médica que me fez a ecografia disse-me “Olha filha agora é ver o que te reserva a natureza. Pode nascer amanhã, pode aguentar mais 2 meses. Só a natureza é que sabe”. Internada de urgência, injecções para acelerar a maturação dos pulmões da bebé, comprimidos para atrasar o trabalho de parto, um misto de medo, ansiedade.. 4 semanas internada no hospital em repouso absoluto, 3 trabalhos de parto adiados com medicação ao quarto já não foi possível adiar mais. No dia 18 de Abril, às 12h59 nasceu a Leonor com 31s+6dias de parto normal, com 40cm, 1840gr. Ainda me deixar dar-lhe um beijinho mas levaram-na logo para a Neonatologia. Fica a felicidade dum momento épico, lindo e sonhado com a agonia de não ter o bebé comigo, não poder dar-lhe mama, nem ter tido tempo se quer para lhe memorizar a carinha. Ninguém está preparado para isto mesmo que já fosse previsível. Ainda consegui ir vê-la nesse dia.. Queria ver-lhe a cara, tocar-lhe, sentir o cheiro mas não pude ..mal lhe consegui ver a carinha porque tinha a máscara de oxigénio para ajudar a respirar, um catéter naquela mini-mão, montes de eléctrodos colados naquele mini-corpo. Não podíamos tocar, nem pegar, só olhar através daquele vidro.. Meu bebé peixinho. Nessa noite mal dormi, tinha medo de me esquecer da cara dela, de chegar lá no dia seguinte e já não estar lá. A primeira coisa que se aprende numa unidade de Neonatologia é que se vive uma hora de cada vez, um dia de cada vez. Hoje está tudo bem mas amanhã sabemos lá.. No dia seguinte a. Leonor já respirava sem ajuda e por isso pude tê-la enroscada no meu peito, dentro da camisa de noite. Foi pouco tempo mas foi indescritível.
Dois dias depois do parto veio o momento que mais temia, eu tive alta.. Ia para casa, sem barriga e sem a minha bebé.. Vir embora e deixa-la foi das coisas mais amargas que provei na vida. Chegar a casa e olhar para o quartinho dela vazio foi uma dor que nunca vou esquecer. Ninguém nos prepara para isto, não é suposto, não é com isto que se sonha quando se está grávida.
A Leonor foi fazendo grandes progressos diariamente e ao fim de uma semana passou dos cuidados intensivos para os intermédios. Ao fim de 3 dias deixou a incubadora e passou para o berço. Passou a vestir roupa de bebé (ainda que fosse o tamanho 000 e mesmo assim tinha de fazer 2 dobras), já podíamos dar-lhe banho, pegar e tratar como se não tivéssemos no hospital, só ainda não podíamos trazê-la para casa. Passava +/- 12h por dia no hospital e foi assim durante 52 dias, até poder finalmente trazer a Leonor para casa e deixar de ser mãe a part-time. O dia em que a Leonor teve alta foi tão feliz quanto o dia em que nasceu, mas agora com a certeza que nunca mais nos ia-mos separar.
Aprendi muito nos quase dois meses que passei no hospital, convivi com muitos casos alguns de sucesso e outros nem por isso. Percebi também que apesar de tudo nós tivemos sorte, a Leonor “só” nasceu 2 meses mais cedo mas de resto correu tudo bem. Não teve nenhuma infecção, não contraiu nenhum vírus, não teve de estar no isolamento..
Somos uns sortudos, hoje é uma menina alegre, saudável e cheia de vida. O meu coração ainda não recuperou do susto e continuo sempre a ver uma pontinha de fragilidade nesta filha que veio para me mostrar o que é lutar pela vida e ser forte e guerreira.”
Os pais Tânia e Hugo
MaisBebé é ter crianças felizes e pais tranquilos…